História de hoje: Uma vizinhança do barulho

História de hoje: Uma vizinhança do barulho

Tenho um vizinho que não respeita as regras do prédio onde eu moro. Faz muitas festas com música alta até tarde, deixa garrafas de bebida espalhadas no corredor. Já brigamos tanto que nem aguento mais olhar na cara dele. Ele já foi multado e até perdeu uma ação judicial de outro vizinho, mas continua repetindo as infrações. O síndico do prédio me falou que não tem mais o que possa fazer dentro do estatuto do condomínio e que uma ação judicial seria cara. Qual a saída? O que posso fazer?  – Rosa Amaral, de Curicica

 

Olá Rosa! Infelizmente você não está sozinha. Violações a normas de convívio costumam atormentar muitos que vivem em condomínios. Nosso lar é um local de descanso e lazer, e é muito ruim nos sentirmos desrespeitados por condutas que atrapalham a nossa paz de espírito. Os síndicos, por sua vez, além de atarefados com diversas outras atribuições, se veem limitados pela convenção do condomínio ou pelas decisões de assembleias.

Se todos já tentaram conversar com seu vizinho – e não adiantou – a mediação pode ser a solução. O mediador vai facilitar que as partes decidam como resolver o problema. O pulo do gato está na restauração e na melhoria da comunicação. Mediadores capacitados constroem as soluções com as pessoas e o convívio tende a ser harmonioso e respeitável dali em diante. Sabemos que isso é essencial em casos como os de condomínios em que as pessoas, provavelmente, continuarão convivendo por anos e anos. Um outro ganho é que dificilmente o problema volta a ocorrer, o que nem sempre acontece na justiça.

Houve um caso de uma moradora atormentada pelos barulhos constantes vindos do apartamento de cima. Por meses ela sofreu e sentia vergonha quando recebia visitas.  Através da mediação ela descobriu que os vizinhos tinham um filho com autismo e foi convidada a visitar o apartamento de cima para conhecê-lo.

Por isso, Rosa, casos como esse e o seu são muito comuns em mediação condominial e, normalmente, se resolvem tratando as causas da conduta considerada antissocial. No exemplo que demos, ao compreender a situação de seus vizinhos, a moradora passou não apenas a tolerar o barulho, mas a não se importar mais com ele. E a convivência dos dois tornou-se amigável.

Diversos condomínios já possuem convênio com câmaras especializadas. Procure saber se a sua administração já fez essa parceria. Sugira a mediação de conflitos como uma saída amigável para melhorar as relações entre todos os que convivem em prédios.

 

Ana Maria Esteves e Luis Felipe Calvão

Mediadores da Câmara Equilibre