O controle do consumo nos condomínios

O controle do consumo nos condomínios

por Arnaldo de Meira Carvalho

A recente autorização para aumento da tarifa reforça a importância sobre o controle do consumo, combate ao desperdício e uso abusivo da água nos condomínios

 

As tarifas estão subindo acima da inflação, e a tendência no médio prazo é que continuem assim. Por quê? Porque as tarifas ainda são consideradas baixas, os custos operacionais estão aumentando muito e as receitas das concessionárias estão diminuindo. E quem acaba pagando por tudo isso é você.

 

Como então abaixar a conta de água do seu condomínio? O ideal seria individualizar a cobrança em cada unidade, para que doesse apenas na carteira dos perdulários. Até que cheguemos a esse ponto é imperativo trabalhar com ferramentas de gestão e administração modernas e eficientes.

 

A conta – Uma das primeiras providências é saber ler e interpretar a conta de água. O mais comum é que a conta seja encaminhada para o contador ou para o síndico para a sua devida quitação. Contudo, a desorganização e ganância dos serviços públicos e privados requerem cautela e acompanhamento rotineiros. Erros existem, são mais frequentes que o desejável e estamos aqui para corrigi-los.

 

É importante que o usuário saiba avaliar e acompanhar a sua conta, pois através dela será possível identificar se a mesma reflete o real consumo e a tarifa adequada ao consumidor. As concessionárias de abastecimento de água possuem tarifas distintas, que variam de acordo com faixas de consumo e número de unidades atendidas. Além disso, diferentes rotinas de leitura podem influenciar no valor da sua conta.

 

No trabalho desenvolvido com o uso racional das águas em condomínios verificamos que um dos erros mais frequentes é a divergência do número de unidades atendidas. Em um prédio ou empreendimento comercial deve-se atentar para o correto número de unidades. Como a conta tem faixas de consumo, quanto maior o número de unidades atendidas, mais baratas serão as tarifas individuais.

 

Outra questão importante é a classe de consumo. Existe a tarifa social, a residencial, a comercial, a industrial e a pública. As tarifas são distintas e pode haver elevação expressiva se a classificação estiver errada.

 

Hidrômetro – Vale a pena conferir sempre a leitura do hidrômetro na data prevista, pois o seu acompanhamento permite avaliar se o leiturista fez o correto registro ou se a empresa optou em fazer a cobrança pela média. Quem não está empenhado em economizar muitas vezes acaba pagando pela media anual, o que pode ser prejudicial. Nesse caso, a solução é reclamar na concessionária, solicitando retificação da leitura e dos valores de cobrança. Ao acompanhar o faturamento estamos na realidade validando e exercendo o poder de fiscalizar e, se necessário, retificar os valores.

 

Saindo do aspecto tarifário, a outra vertente de economia está centrada na atualização e modernização dos equipamentos hidráulicos. Quem esta atento as novidades, já observou que as novas torneiras e vasos sanitários estão com uma redução expressiva no consumo de água. É uma tendência mundial, que vem acompanhada de selos de certificação e de registro dos consumos. De forma complementar, existem hoje formas de redução da pressão e mesmo das vazões nessas unidades, sem a perda de eficiência do seu funcionamento.

 

Mas um grande aliado na economia ainda é o uso racional das águas. Sem a existência de mecanismos de controle e de acompanhamento, as perdas eventuais, vazamentos (em especial os micro vazamentos) e os usos indevidos ou abusivos ainda serão os grandes vilões.

Ficam, portanto, algumas perguntas: Quem faz esse tipo de controle no seu condomínio? Os resultados são efetivos? O acompanhamento é profissional ou ainda está na fase do amadorismo, em que terceirizados sem compromisso com resultados fingem que há controle? Como justificar, então, variações expressivas nas contas mensais, via de regra sem nenhuma justificativa e sem registros? Como saber se o consumo se encontra dentro dos valores esperados e se as metas fixadas estão sendo atingidas? A propósito, será que a fixação de metas é tão importante assim?

 

São muitos os obstáculos a superar. Talvez a inércia e o comodismo sejam os maiores desses obstáculos. Contas de água elevadas mês após mês deveriam servir de alerta para a necessidade de providências, emergenciais ou paliativas. Não seria hora de mudar?

 

*Engenheiro Civil E Sanitarista – arnaldocarvalho3@gmail.com