A missão do Síndico

A missão do Síndico

Por Reuber L. Antoniazzi – Advogado

 

O Presidente da República, Governador do Estado, Prefeito Municipal e Síndico estão no mesmo patamar na representatividade em cidadania. Obviamente, guardando as devidas proporções na hierarquia social. A sutil diferença do síndico e os demais é que esse depara no cotidiano com o eleitor de frente e a obrigação de sanar as questões “ao vivo e em cores”. E, todo “Santo Dia”, o mundo acorda diferente.

A função urge de ser agasalhada de orgulho e consciência do dever em acolher os anseios da coletividade. Nos primórdios da civilização todos se juntavam e constituíam famílias com moradia individual, próximas e cercados à guisa de defesa. Era eleito um chefe para dar segurança e representatividade.

O tempo passou e surgiram as cidades, os prédios, uma versão atual de aldeia vertical estilizada. Só que, lá atrás, no tempo, as barreiras da religião, posição social, e poder econômico eram de certa forma transponíveis. Na atualidade, tudo se complicou. O que permanece incólume é a preservação da espécie e o crescimento demográfico.

Na atualidade, o síndico, uma nova nomenclatura, além de guerreiro, é necessário ter alguns requisitos básicos, como: noções de sociologia, psicologia, economia, primeiros socorros, eletricista, hidráulica, e em especial, discernimento nas matérias de prioridade da Ordem do Dia da Assembleia. O detalhe importante é possuir noção do social, a fim de proporcionar um brinde a todos com boa dose de mistura de democracia, socialismo e ditadura. É procurar trajar com armadura social para enfrentar os gregos e os troianos.

A vocação para o cargo é imprescindível no sentido de espargir civilidade. É agir e pensar grande. Ter a consciência de que: o vizinho é o parente mais próximo, o que a relação deve transpor às reais divisas.

Em condomínio é natural todo mundo ter razão, a prevalência do individualismo é latente, ao passo que a maioria da coletividade é que é a “voz do povo”. É público e notório de que o símbolo da posição social do cidadão é a sua residência e o carro o totem. Entretanto, poucos dispõe em doar a parcela de contribuição. Fica sem entender. Eis a questão. É que a posição de síndico não dá status.

Daí, desponta o síndico profissional com toda energia. E guardando exceções, no geral, é visto como um comum, sendo que em inúmeros casos carrega o fardo da maledicência ou mesmo a fama dos políticos. Nesse diapasão, situa o perigo iminente da picada da mosca azul pousar e criar a zona de conforto. Aí complica. É quando o síndico se encastela sob o manto da perenidade. A corte é formada e cai por terra a noção de que a função decorre de cargo eletivo e às vezes remunerado. É quando deixa de prestar esclarecimentos, ouvir críticas e sugestões, tudo para afastar o brilho ou até mesmo o perigo de denegrir a imagem. É quando o poder se transforma em poder de verdade.

Enfim! O bom tom em tirar o cinza da imagem em respeito a voto sucumbe. Aporta então o desconforto, insegurança e desconfiança do eleitorado. A modernidade da OLX sucumbe pelo desapego do cargo. A coisa é séria. O síndico por ser o executivo social das classes “a, b, e d”, é o representante perante a Receita Federal, Estado e Prefeitura. É cargo de confiança, investido de representatividade legal e passível de penalidades, haja vista que o principal exercício da função é a de assegurar o patrimônio dos moradores.

No mundo atual se faz necessário a contratação de administradora no segmento que casa os interesses e necessidades da coletividade que congrega o prédio. Entretanto, permanece intocável juridicamente a figura do síndico. No mais, é valorizar o bom síndico, pois se trata da maior riqueza invisível do condomínio. E na derradeira despedida é deixar a cadeira limpa, e torcendo que o sucessor cuide bem dela. Caso haja reconhecimento é apenas agradecer, e dar graças pela missão cumprida.