Prevenção e solidariedade devem andar juntas

Prevenção e solidariedade devem andar juntas

Em tempos de quarentena, em que a vida cotidiana vira de ponta cabeça, devemos ficar atentos aos cuidados com o nosso núcleo familiar sem, no entanto, não se esquecer de quem pode precisar da nossa ajuda. Nesta entrevista, o Presidente do Sindicon-MG, Dr. Carlos Eduardo Alves de Queiroz, fala sobre com se comportar no condomínio, ante a perspectiva de contágio do coronavirus.

 

Jornal do Síndico – Dr. Carlos, quais são as medidas que os síndicos devem tomar diante desta crise que estamos vivendo em relação ao coronavírus?

Carlos Eduardo – Nesse momento os síndicos devem evitar aglomerações. Então, devem evitar – não proibir – assembleias, festas no condomínio, pessoas na portaria e providenciar uma limpeza do condomínio, principalmente no tocante a corrimãos, maçanetas e elevadores. Muitas pessoas estão preferindo utilizar as escadas para não ter contato com outras pessoas dentro dos elevadores e, sendo assim, a limpeza dos corrimãos do vão da escada também é muito importante.

 

JS – Você citou que uma das ações é evitar fazer assembleias. Neste início de ano, temos uma grande quantidade de assembleias para eleição de novos síndicos, prestação de contas, previsão orçamentária e que estão previstas em convenção. O que o síndico deve fazer nesse caso?

 

Calos Eduardo – Uma possibilidade é o síndico convocar o conselho e fazer uma reunião – mantendo uma distância mínima entre os membros – e prorrogar o mandato do síndico por mais um mês ou dois, em virtude da situação por que passa o país. Não é o momento de reunir os condôminos. Geralmente as reuniões são feitas em locais pequenos e fechados, propiciando o risco de contágio.

 

JS – Uma das recomendações das autoridades de saúde é que, aqueles que sejam diagnosticados com o vírus, mas que não esteja em estado grave, devem ficar em quarentena residencial. No condomínio, se houver caso confirmado, como o síndico e moradores devem agir?

 

Carlos Eduardo – Se o infectado morar com outra pessoa, o ideal é que ela não saia nas áreas comuns do prédio e, se for imprescindível, que saia com as devidas recomendações das autoridades de saúde. Caso peça alguma encomenda, que já deixe a compra previamente paga, para evitar contato com o entregador. Uma questão que ainda não existe orientação específica é quanto ao lixo. Deve sair alguma orientação quanto a isso. Mas nós recomendamos que a pessoa portadora do vírus utilize sacos apropriados – brancos – e o condomínio vai contratar uma empresa especializada para recolher aquele lixo. É um custo a mais, mas que deve ser levado em conta, pois a saúde dos moradores é muito mais importante.

 

JS – Em relação aos funcionários do condomínio, visitantes e funcionários dos condôminos, existe alguma recomendação especial?

 

Carlos Eduardo – Muitas famílias que contam com a ajuda de colaboradores que utilizam o transporte coletivo, têm optado por dispensá-los para que, também eles, façam a quarentena. É uma questão de segurança. Imagina a pessoa que utiliza o transporte coletivo, que circula em ambientes aglomerados, que toca as mãos em diversos locais que possam estar contaminados… seria uma contradição ela chegar num local onde as pessoas estão em quarentena.

 

JS – Nos países em que o estágio da Covid-19 já se encontra bastante avançado e que a quarentena também é uma realidade, temos visto muitas demonstrações de solidariedade entre as pessoas. Você teria uma mensagem para passar para os síndicos e síndicas, nesse sentido?

 

Calos Eduardo – Hoje é bastante comum, principalmente nos países da Europa, pessoas que residem só. Então, se no seu prédio existem pessoas mais idosas e que necessitem de alguma ajuda, ofereça. Se for sair, pergunte ao seu vizinho se está precisando de alguma coisa. Este é um momento em que as pessoas estão mudando os seus hábitos. Ser solidário e olhar mais à sua volta faz parte disso.