Dentre as diversas restrições
impostas pela pandemia
do novo Coronavírus
estão as que se referem a
opção de lazer. Tais limitações
se deram não apenas na proibição
de se frequentar bares,
restaurantes, cinemas, teatros,
casas de shows, mas também
em medidas de isolamento de
áreas coletivas dentro dos próprios
condomínios, que vetaram
o uso de piscinas, espaços
gourmet, churrasqueira, salão
de festas e jogos, dentre outros
equipamentos.
Essas atitudes, embora impopulares,
se fizeram necessárias
e acertadas por emergência sanitária,
visando à proteção de
todos os moradores e contenção
da proliferação do vírus. Diante
desse quadro, moradores em
diferentes condomínios buscaram
formas alternativas de entretenimento
e assim uma ideia
se popularizou, impulsionada
pelas redes sociais, ganhando
adeptos em várias cidades brasileiras:
os chamados “shows para
varandas”.
No residencial Vincent Van
Gogh, localizado em João Pessoa
(PB), a cirurgiã-dentista
Joyce Leitão liderou um grupo
de moradores interessados em
promover um evento deste tipo.
“Pelo whatsapp, reunimos uma
lista de condôminos dispostos a
pagarem pelo show, estipulamos
um valor por apartamento e levantamos
o dinheiro. Eu sugeri
um artista cujo trabalho já conhecia
e fiquei responsável por
entrar em contato”, relata.
Joyce destaca que o show foi
uma experiência bem avaliada
por ela e pelos demais moradores,
que tiveram – depois de
várias semanas – uma oportunidade
de interagirem, mesmo
que à distância. “Considero uma
iniciativa importante em um
momento no qual o psicológico
da gente está um pouco abalado
devido à privação de liberdade”,
comenta a moradora.
O músico que fez a alegria no
edifício Van Gogh foi o cantor
Emanoel Delamare, que se apresentou
na área da piscina, com
som e iluminação próprios, voltado
para as sacadas dos apartamentos.
O show “atípico” teve
uma dinâmica bem diferente dos
que ele está acostumado a fazer,
mas foi bem sucedido “criamos
uma maneira de interagir com o
público usando o whatsapp, passei
o número e os moradores podiam
enviar mensagens pedindo
músicas”, conta o músico.
Emanoel destaca um aspecto
importante da iniciativa tomada
pelos moradores do residencial
Van Gogh, que é a de apoiar a
classe artística local em tempos
de pandemia. “Muitos que
dependiam exclusivamente da
música ficaram sem renda alguma
quando se instalou a quarentena,
então atitudes como essa
são nobres e espero que mais
artistas possam ser ajudados”,
declara o cantor.
É válido ressaltar que, embora
os “shows para varanda” possam
ser iniciativas organizadas
e custeadas pelos próprios moradores,
isso não anula a necessidade
de se obter previamente
a autorização do condomínio.
O síndico deve ser comunicado
com antecedência para avaliar a
viabilidade e segurança do evento,
bem como o respeito à lei do
silêncio.
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