Adestramento é alternativa para lidar com cães em condomínio

Adestramento é alternativa para lidar com cães em condomínio

Por Cecília Lima

Se você mora em edifício residencial com certeza já presenciou ou soube de algum conflito entre vizinhos por causa do barulho causado por bichinhos de estimação. Embora o Supremo Tribunal Federal (STF) tenha decidido, em 2019, por unanimidade que condomínios não podem proibir animais de estimação em casa, a permanência deles nos prédios, entretanto, depende das condições de não ameaçarem a segurança nem perturbarem a tranquilidade dos moradores.

 

Quando o pet em questão é um cachorro a missão de obedecer à lei do silêncio pode ser um pouco mais complicada, uma vez que algumas raças como Yorkshire, Poodle, Chihuahua e Pinscher são especialmente ruidosas e podem latir ou grunhir muito, acarretando incômodo à vizinhança.

 

Incômodo – O servidor público Felipe Ramelli, 30 anos, é tutor de Rubacão, um cão sem raça definida de grande porte, de 1 ano e 2 meses, e mora em um prédio residencial em João Pessoa (PB). Desde o sétimo mês Felipe e a esposa perceberam que os latidos do cão poderiam estar trazendo inconvenientes aos seus vizinhos e buscaram tomar providências. “Apesar de não termos recebido nenhuma queixa do condomínio ou de moradores, notamos que dava para ouvir nosso cachorro latir de outras partes do prédio como escadas, corredores e até do térreo e aí deduzimos que isso estaria sendo desagradável”, relata Felipe.

 

Os tutores de Rubacão decidiram agir antes que o problema pudesse causar algum conflito maior de convivência. “Fomos pesquisar como outras pessoas que também têm cachorros de grande porte em apartamento lidaram com essas questões e encontramos um adestrador. Por estar no período de pandemia e isolamento, todo o treinamento foi feito com aulas on-line, mas teve um excelente resultado”, afirma Felipe.

 

Ele acrescenta que, além dos cuidados com os ruídos, passou a ser mais cauteloso também com a limpeza das patas. “Ao entrar no condomínio, sempre limpo as patas de Rubacão para não sujar as áreas comuns do prédio e não gerar nenhuma reclamação desse tipo”, completa Ramelli. O treinamento ficou a cargo de Gustavo Vilar, adestrador com larga experiência na área.

 

Dicas – O especialista explica que o latido ocorre principalmente quando o cão está só, período no qual concentra maior nível de estresse, e dá orientações para melhorar isso: “despedidas em tom de lamentação devem ser evitadas, pois o cão assimila emoções pelo timbre da voz e interpreta aquilo como ‘estou sendo abandonado e algo trágico vai ocorrer’ e, de mesmo modo, os donos devem evitar fazer muita celebração quando chegam em casa, pois isso faz um pico de ansiedade no cão”, recomenda Gustavo. O adestrador explica que essas atitudes humanas alimentam o ciclo de vocalização por ansiedade no pet, representado pelos latidos.

 

Para condicionar o cão a latir menos e moderar os níveis de ansiedade, convenciona-se usar a chamada regra dos 10 minutos. “É bom evitar ter contato direto com o cachorro nos 10 minutos que antecedem a saída do dono e também durante os primeiros 10 minutos após a chegada ao apartamento. Isso é importante para naturalizar os períodos em que o cachorro está sozinho em casa”, afirma o adestrador Gustavo Vilar. Com treinamento e disciplina, é possível manter o convívio harmonioso entre pets e moradores no condomínio.

*Jornalista