Crescem casos de violência contra síndicos

Crescem casos de violência contra síndicos

Por Cecília Lima

 

Nunca foi tão necessário pregar a tolerância e o respeito ao próximo como agora. A convivência em condomínio requer paciência e empatia com os limites do próximo, mas atualmente, às vezes, as pessoas se demonstram com um limiar de flexibilidade muito tênue, as diferenças se exacerbam rapidamente, cada um quer fazer prevalecer seu ponto de vista e isso é a fórmula perfeita para conflitos cotidianos.

 

É neste cenário, fortemente potencializado pela força das mídias sociais e pela comunicação no ambiente digital, que as desavenças nos condomínios vêm ganhando corpo e que infelizmente os casos de agressões contra síndicos têm aumentado. Não raramente, elas ultrapassam o campo virtual, saindo de crimes como injúria, calúnia, difamação, ameaças, e partindo para o plano real, de fato, com agressões físicas.

 

Casos – Histórias recentes ilustram esta triste escalada. No dia 9 de março uma briga de vizinhos virou caso de polícia em Belém (PA), durante uma mudança em um condomínio no bairro do Umarizal. A briga (filmada por câmeras) mostra o morador agredindo a socos o síndico. A história tem duas versões: o morador afirmou que o síndico ofendeu verbalmente sua filha que tem Síndrome de Down, já o síndico declarou que apenas abordou a família para advertência acerca do horário impróprio para realização da mudança (7 horas), já que esta só pode iniciar a partir das 9 horas. A confusão terminou com BO e exame no IML.

 

No dia 17 de março, um síndico de Águas Claras (DF) foi parar na UTI após ser nocauteado por um professor de boxe. O motivo: ele solicitou que o saco de boxe fosse removido, pois o peso estava danificando o teto da academia. O diálogo não foi o suficiente e o educador físico utilizou seu conhecimento em artes marciais para agredir o síndico covardemente.

 

Outro caso, este de forma muito mais trágica, exemplifica a que ponto pode chegar o nível de violência. No dia 15 de fevereiro deste ano um policial militar assassinou a tiros o síndico do seu condomínio em Jundiaí e, posteriormente, cometeu suicídio. Especula-se que a motivação para o crime tenha sido justamente desavenças e discordâncias sobre a administração do condomínio, somando o fato de que o assassino era ex-síndico do prédio em questão.

 

Registro – O advogado pós-graduado em Direito Imobiliário Lincoln Sousa faz recomendações aos síndicos. “É importante manter a formalidade em todas as comunicações, ter um registro escrito sempre, evitar ‘bate-boca’ e manter um canal oficial de mensagens. Além disso, sempre que houver alguma intercorrência, esta deve ser registrada no livro de ocorrências para se ter o registro”.

 

Ele comenta que dificilmente as pessoas vão “às vias de fato” de uma hora para outra, isso é resultado de uma escalada de atritos. “Caso surjam ameaças, é importante fazer boletim de ocorrência disso. O BO pode ser feito na modalidade online de forma simples” conclui. O síndico está em um papel de dar o exemplo, ele deve ser o conciliador, não deve ceder a provocações, a agressão jamais deverá partir dele.

*Jornalista