Planejamento orçamentário: uma nova abordagem

Planejamento orçamentário: uma nova abordagem

Por Carlos Reganatti

 

Dicas para um melhor controle, melhor previsão e… menos conflitos!

Vamos direto aos fatos: não é novidade, nem exagero afirmar que o valor da cota (chamada erroneamente de “taxa” ou “condomínio”) expressa o valor para a conservação e o futuro do patrimônio dos condôminos e impacta nos valores de venda e aluguel bem como de sua liquidez. Sendo assim, as dicas abaixo podem ser úteis para organizar a gestão e trazer mais harmonia e valorização para seu condomínio:

 

1) Reajuste – Adeus à aplicação de índice inflacionário para reajustar a cota. Você sabia que os contratos com pessoal e fornecedores consomem entre 80% e 95% de todos os recursos do condomínio? São compromissos impostos por sindicatos, concessionárias, fornecedores e Governo. Conclusão: Apenas 10% das despesas podem ser planejadas!

O que podemos fazer diante deste cenário? Negociar todos os contratos para vencimento coincidente com o dissídio dos funcionários que é, em geral, o de valor mais pesado. Assim, tem-se um fator exato de reajuste para quase 80% da cota condominial que, uma vez autorizado, pode ser aplicado automaticamente, sem necessidade de se chamar uma Assembleia.

 

2) Consumo – As contas de consumo devem estar destacadas da cota! Consumos são cerca de 10% da cota e não há nenhuma forma de se negociar o aumento do kWh, do m3 etc. O que fazer? Passando a ser parte variável da cota, os consumos acompanharão as variações das tarifas das concessionárias de forma precisa mês a mês. Tanto o desperdício como o uso racional de água e energia irão impactar de imediato no valor do condomínio.

 

3) PCO – Manutenção, aquisições e despesas administrativas devem ser muito bem pensadas. Esta verba, da ordem de 10% do total, constitui o componente que a administração tem plena liberdade de definir e é o que diferencia um condomínio de outro. Fazer o quê? Na assembleia de planejamento orçamentário propor uma planilha que chamaremos de PCO (Planejamento e Controle Orçamentário), que é a lista detalhada das despesas previstas para o ano, permitindo em seguida, o controle mensal.

O resultado do “PCO” aprovado com os “Consumos” e os “Contratos” definirão o novo valor da cota. Esta planilha deve estar incluída na ata da assembleia. A cada mês o PCO é atualizado e incluído na pasta respectiva. O síndico gerencia o fluxo de valores tendo de forma transparente a evolução dos custos ao longo do ano.

4) Plano Diretor – O seu condomínio não tem rateio para obras? É aquele sufoco para fazer rateios para modernização e conservação? Calma, isto tem jeito… O que fazer? Elaborar o PD – Plano Diretor, lista das obras e serviços de maior porte, de prazos mais alongados com orçamento para cada obra e propor o rateio necessário. Planejamento permanente do futuro do patrimônio. O Plano Diretor pode também considerar projetos tais como “Atualização da Convenção”, “Alteração do Regimento Interno” e outros que não tenham valor específico, mas dada sua importância precisam ser de conhecimento da coletividade para providências, prazos etc.

Importante! O Plano Diretor precisa ser atualizado a cada assembleia para que não se percam de vista os compromissos com o futuro do condomínio.

 

5) Fundo de Reserva – Garantidor para emergências e situações não usuais, o Fundo de Reserva está instituído por lei, mas a Convenção do Condomínio determina sua porcentagem, teto de arrecadação e outras regras. Como fazer? Para movimentação do Fundo de Reserva deve-se obter autorização da Assembleia.

 

Alerta! A inadimplência afeta diretamente a verba para a manutenção ao longo do ano pois, os demais compromissos são de pagamento compulsório. Então, ferramentas de controle sistemático como o “PCO” ajudam bastante, por darem alerta antecipado ao síndico para tomar as devidas providências.

Sucesso, senhor(a) síndico(a)!                      

*Engenheiro e Administrador, atuando como Consultor Condominial – c.reganati@uol.com.br