Por André Resende
Publicado em 07/08/2025
A coleta seletiva já é uma exigência presente na legislação brasileira desde a Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei nº 12.305/2010, que determina a destinação correta do lixo, estimula a redução de resíduos e valoriza a reciclagem. Ainda assim, muitos condomínios seguem fora dessa cadeia, perdendo a oportunidade de reduzir custos, gerar impacto ambiental positivo e até valorizar o próprio imóvel.
Além do benefício coletivo, a adoção da coleta seletiva favorece toda a cadeia de reciclagem, conectando condomínios a cooperativas e empresas de reaproveitamento que dependem do descarte adequado para funcionar.
Resistência – Leandro Faria, síndico de um condomínio em Curitiba, decidiu enfrentar o desafio de implantar a coleta seletiva há cerca de dois anos. No começo, enfrentou resistência, pois moradores reclamavam da necessidade de separar resíduos e duvidavam do destino real do material.
“Foi preciso investir em comunicação, colocar cartazes nos andares, fazer reuniões e até visitas à cooperativa parceira para mostrar que o lixo realmente vira matéria-prima”, lembra Leandro. Com o tempo, a adesão cresceu e a coleta seletiva deixou de ser apenas uma obrigação legal para se tornar motivo de orgulho.
O advogado Marcelo Bernardes, especialista em direito ambiental, lembra que além da Política Nacional de Resíduos Sólidos, leis municipais e estaduais costumam detalhar como deve ser feita a separação do lixo e a destinação correta, prevendo inclusive sanções para quem descumprir as regras.
“A legislação é clara ao dizer que todos são responsáveis pelo ciclo do resíduo. Nos condomínios, isso se traduz em organização, informação e fiscalização interna”, explica Marcelo. Ele acrescenta que, ao integrar o condomínio à cadeia de reciclagem, os moradores contribuem para a redução de aterros sanitários, estimulam a economia circular e atendem a normas ambientais que ganham cada vez mais força.
Mudança de hábito – Moradora do mesmo condomínio administrado por Leandro, a professora Ana Cláudia Mendes conta que, no início, achava o processo trabalhoso, mas hoje enxerga a importância da separação. “É uma mudança de hábito. Quando vemos que existe um impacto real, a gente entende que vale a pena. Saber que aquele lixo reciclado gera renda para famílias que vivem da coleta é motivador”, afirma. Segundo ela, a convivência no condomínio também melhorou após a adoção da coleta seletiva, pois o espaço das lixeiras ficou mais organizado e limpo.
Leandro avalia que o maior ganho não foi apenas cumprir a lei ou agradar parte dos condôminos, mas mostrar que o condomínio pode ser um agente de transformação. “A gente percebe que pequenas atitudes dentro de casa têm reflexo fora. Isso faz o condomínio participar de algo maior, que é repensar como lidamos com o lixo”, avalia. Para especialistas e gestores, o futuro da coleta seletiva depende justamente que cada condomínio entenda seu papel não só como consumidor, mas como elo fundamental na engrenagem da reciclagem, unindo sustentabilidade, consciência coletiva e respeito às normas.