Por Anna Cristina e Souza – Advogada especializada em direito condominial, sócia no escritório Souza & Cita Advogados associados e Colaboradora do Jornal do Síndico.
Publicada em 05/06/2025
A sobrecarga emocional é um dos principais desafios enfrentados pelos síndicos, sejam eles profissionais ou orgânicos. Independentemente da natureza do cargo, o síndico está frequentemente no centro de um verdadeiro turbilhão de responsabilidades, que vão desde a organização de reuniões até a supervisão de obras e a mediação de conflitos interpessoais.
Mesmo os síndicos profissionais não estão imunes ao estresse inerente à gestão condominial. As demandas constantes e a pressão para manter tudo em ordem geram um desgaste emocional significativo. Essa pressão contínua não apenas consome energia, mas também pode provocar sensações de impotência e frustração.
Síndrome – Esse cenário favorece o surgimento da síndrome de burnout, um distúrbio psíquico reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS), associado ao estresse crônico no ambiente de trabalho. Caracteriza-se por três pilares: exaustão emocional, despersonalização (ou perda de empatia) e redução da realização pessoal. Embora muito discutido entre profissionais de saúde, educação e segurança, o burnout vem afetando uma categoria que cresce silenciosamente: a dos síndicos.
Identificar os sinais de exaustão é crucial para prevenir o burnout em síndicos. Os sintomas frequentemente passam despercebidos até que se manifestem de forma mais grave. A exaustão física e emocional, por exemplo, extrapola o cansaço habitual, transformando-se numa fadiga persistente que não melhora mesmo após uma boa noite de sono. A perda de empatia torna-se evidente quando o síndico começa a adotar atitudes cínicas ou negativas, perdendo a paciência com moradores e tratando questões rotineiras com desdém. A diminuição da eficácia pessoal se manifesta na sensação de que os esforços são inúteis, criando um ciclo de autodepreciação e desmotivação.
Saída – Felizmente, existem estratégias que podem ser adotadas para equilibrar as responsabilidades do síndico e prevenir o desgaste. Delegar tarefas é uma das abordagens mais eficazes. Formar comitês de moradores ou contratar ajuda externa para funções específicas pode aliviar significativamente a carga de trabalho. Nesse contexto, a contratação de assessoria jurídica e administrativa especializada é uma medida altamente recomendável, tanto em condomínios residenciais quanto comerciais, pois oferece suporte técnico e decisório, evita conflitos e permite que o síndico se concentre em funções estratégicas. Além disso, aprender a gerir o tempo, priorizando tarefas de maior impacto e estabelecendo limites claros para o horário de trabalho, ajuda a manter um equilíbrio saudável entre a vida profissional e pessoal.
É importante, ainda, cultivar redes de apoio, como grupos de síndicos, associações e fóruns, onde experiências podem ser compartilhadas e soluções discutidas. Reconhecer os próprios limites e buscar ajuda quando necessário não é sinal de fraqueza, mas de responsabilidade. A saúde mental do síndico repercute diretamente na saúde do condomínio.