Barulhos em horários improváveis podem ser falta de manutenção hidráulica

Barulhos em horários improváveis podem ser falta de manutenção hidráulica

Nem sempre os barulhos que perturbam o sossego vêm de moradores do prédio, algumas vezes eles podem vir de problemas decorrentes da falta de manutenção.

Se você mora em um prédio e já escutou um som metálico ao abrir ou fechar a torneira, talvez esteja convivendo com um velho conhecido da hidráulica: o golpe de aríete. Esse fenômeno, também chamado de “martelo hidráulico”, ocorre quando a água em movimento dentro de um cano é bruscamente interrompida.

É como se o fluxo de água, de repente, colidisse contra uma parede invisível – no caso, uma válvula fechada rapidamente. O resultado: um forte aumento da pressão que se propaga em forma de onda pelos tubos, provocando ruídos, vibrações e até danos sérios às instalações. Segundo especialistas, o golpe de aríete é mais frequente em sistemas hidráulicos com longas tubulações ou em prédios altos, onde a pressão da água costuma ser elevada. Quando uma torneira ou válvula de descarga é fechada de forma muito rápida, a coluna de água, que estava em movimento, é forçada a parar abruptamente.

Como a água tem massa e está em movimento, ela continua exercendo força – e aí nasce o barulho. O risco vai além do som incômodo. Com o tempo, o impacto contínuo pode causar o afrouxamento de conexões, rachaduras em tubos e até estouros, gerando infiltrações e prejuízos para o bolso dos moradores e para a estrutura do edifício.

A boa notícia é que há soluções simples e eficazes. Entre as mais recomendadas, estão válvulas anti-golpe: dispositivos que absorvem o impacto hidráulico e reduzem a pressão excessiva nos canos;  fechamento suave de válvulas e torneiras: trocar válvulas de descarga por modelos que fecham gradualmente pode fazer diferença;  manutenção periódica: revisões regulares na rede hidráulica ajudam a identificar e corrigir problemas antes que virem crises; e  os redutores de pressão: eles ajudam a manter a pressão da água em níveis seguros, especialmente em andares mais baixos, onde ela costuma ser maior.

O estudo do golpe de aríete não é novo. Desde o século XIX, engenheiros hidráulicos vêm desenvolvendo métodos para entender e mitigar seus efeitos. Em grandes obras, como adutoras ou represas, cálculos específicos são feitos para prever e conter essas ondas de choque hidráulico. Nos edifícios, no entanto, o problema às vezes é subestimado – até que um estrondo no meio da noite lembre que a física também mora no encanamento.

Portanto, se o seu prédio anda ruidoso demais e os canos parecem se expressar com agressividade, talvez esteja na hora de investigar. O barulho pode ser um aviso – e entender o golpe de aríete é o primeiro passo para silenciar o problema antes que ele se torne um drama hidráulico.