Pedro, o pedreiro e faxineiro

Pedro, o pedreiro e faxineiro

“Tá vendo aquele prédio moço? Ajudei a levantar…Foi um tempo de aflição…” (Cidadão – Zé Geraldo)

Tem muito tempo que cheguei daquelas placas de terras secas, em busca de sonhos, expectativas e de uma vida melhor.

Não tinha nada na algibeira, a não ser um cobertor, uma muda de roupas e uma panela vazia, mas cheia de esperanças que em poucos dias se dissiparam.

Andei de cá pra lá, de lá pra cá.

Até que avistei uma construção, pedi emprego e me contrataram como SERVENTE.

Amassei a terra que um dia há de me receber, suei, chorei de saudades da minha terra seca e da minha prole. Sebastião, Toinho, Carlos e Zé Bento (nome do meu finado pai).

“Muié num tinha mais, me largou.”

“Tá vendo aquele prédio moço? Ajudei a levantar”

Mas a construção acabou e chegou o dia da dispensa. E agora?

Oxi! Tem alguém entrando no prédio.

Quem será aquele moço bem vestido que parece “dotô”?

-Moço o senhor é daqui do prédio?

-Sou o administrador, a partir de agora eu cuidarei do prédio. À propósito preciso de um FAXINEIRO, não quer continuar trabalhando aqui?

-Quero! Quando começo? Conheço tudo da obra. Valei-me, minha Senhora das Candeias e “Sinhô” do Bonfim.

Ali fiquei e continuei trabalhando, comecei a estudar. Aprendi ouvindo muito as pessoas. Durante um bom tempo.

Minha chefe, tratada por síndica, era a dona Maria que continua no prédio depois de tantos anos.

Me lembro de quantas e quantas vezes precisei falar para ela o para-raios, a rampa de acesso para deficientes, a mangueira do bombeiro e as luzes de emergência são mais importantes do que só colocar vasinho de flores na entrada.

“Foi um tempo de aflição…”

Que passou. Sebastião, Toinho, Carlos e Zé Bento, Espero por vocês.

Cá estou olhando pelas janelas de minha vida e vem à minha mente um poema dito por um poeta há alguns anos passados:

“Quem sabe faz a hora e não espera acontecer”

Neste momento batem à porta e dizem:

– Excelência a audiência está por começar, as partes já estão na sala.

E…louvo novamente à Senhora das Candeias e ao “Sinhô” do Bonfim, por estar onde cheguei e por haver começado como SERVENTE e depois ter sido FAXINEIRO, com muita honra e orgulho.

Hoje, cá estou a julgar as pendengas das vidas!

Esta é uma simples homenagem a estes colaboradores que nem sempre são lembrados, mas de importância fundamental nas obras e nos condomínios.

Por: Edimilson Hornhardt

Nós do Jornal do Síndico São Paulo, aproveitamos a “carona” da crônica acima para desejar um Feliz Natal e um Ano Novo repleto de saúde, paz, harmonia e alegrias a todos os funcionários dos condomínios, aos síndicos (as), aos nossos clientes, parceiros, leitores, enfim a todos que de alguma forma estiveram conosco durante 2019! Vamos sonhar, viver e realizar em 2020!